sábado, 11 de julho de 2009

Raul Seixismo.

Não sei onde eu to indo
Mas sei que eu to no meu caminho
Enquanto você me critica, eu to no meu caminho
Eu sou o que sou, porque eu vivo a minha maneira

Você esperando respostas, olhando pro espaço
E eu tão ocupado vivendo, eu não me pergunto, eu faço

Não sei onde eu to indo
Mas sei que eu to no meu caminho
Enquanto você me critica, eu to meu caminho
E se você quiser contar comigo e melhor não me chamar pra jogar bola

quinta-feira, 9 de julho de 2009

"Às vezes olho para minha própria cara e acho que ela está bem 'rodada'. Mas, considerando tudo pelo que já passei, não me acho tão mal assim."

"A única coisa que se tem e que realmente vale são os sentimentos. Isto é que é música para mim."






Janis Joplin foi muito mais do que a única branca a alcançar reconhecimento interpretando blues (reduto de músicos negros, principalmente quando consideradas artistas do sexo feminino), foi também cantora de rock, dona de uma voz incomparável e capaz de imprimir às músicas que cantava uma marca inconfundível de interpretação e sensualidade.

"Nos meus shows, a maioria das garotas estão procurando liberação, e elas pensam que eu vou lhes mostrar como se consegue isso. Mas na primeira fila sempre ficam as grã-fininhas, as comportadinhas, as putinhas reprimidas que ficam esperando todo mundo começar a gritar e dançar para poderem dançar e gritar também. Elas chegam num determinado ponto que eu sei que estão prontas, mas não têm coragem. Então precisam de um pé-na-bunda para se levantarem também. Aí é que eu entro: eu lhes dou esse chute na bunda! eu fui criada exatamente como elas. Sim. Logo, eu sei o que elas têm nessas cabecinhas estúpidas e vazias."

Cresceu ouvindo músicos de blues, tais como Bessie Smith e Big Mama Thornton e cantou no coro da igreja local (o hit “Down On Me” foi uma adaptação feita por Janis de uma canção gospel para colocar no repertório da Big Brother and The Holding Co.).

Janis sofria muitos preconceitos dos moradores da provinciana cidade texana, por sua “beleza fora do padrão”, pelo seu envolvimento com o blues, a poesia e a pintura (Beatniks) e por seu engajamento na luta contra o preconceito racial. Ela foi praticamente expulsa de Port Arthur, seguindo para a Universidade do Texas, na cidade de Austin, onde começou a cantar blues e folk com amigos.

Joplin se vestia como os poetas da geração beat - A Geração Beat era formada por um grupo de jovens intelectuais estadunidenses que, em meados dos anos 50, cansados da monotonia da vida ordenada, da idolatria à vida suburbana na América do pós-guerra e do culto ao “sonho americano” resolveram, regados a jazz, blues, drogas, sexo livre e pé-na-estrada, fazer sua própria revolução cultural por meio da literatura.

Em 1963 seu uso de drogas, principalmente de anfetaminas, começou a aumentar, inclusive, Janis já “flertava” com a heroína. Janis sempre bebeu muito em toda a sua carreira, e sua bebida preferida era o whisky Southern Comfort. A fábrica do Southern Comfort chegou a dar presentes a Janis, pois ela fazia a propaganda do produto sem cobrar nada. rsrsrs...O uso de drogas chegou a ser mais importante para ela do que cantar, e chegou a arruinar sua saúde. Em 1964, por exemplo, ela pesava 43 quilos e teve que voltar ao Texas, pois junto à família poderia se cuidar melhor.




BIG BROTHER AND THE HOLDING COMPANY

Depois da recuperação em Port Arthur, Janis conheceu Chet Helms. Helms “empresariava” bandas e produzia shows em San Francisco e disse a Janis que havia uma banda de lá que precisava de uma vocalista.

Janis conversou com sua mãe e a convenceu de que aquela oportunidade era única para se alcançar o sucesso.

O objetivo de Helms era fazer Janis ingressar no grupo “Big Brother and The Holding Company”, que estava ganhando algum destaque entre a nascente comunidade hippie na esquina da Rua Haight com a Rua Ashbury.

A idéia dos caras da banda era fazer o que a banda Jefferson Airplane estava fazendo, inclusive, o baixista Peter Albin já havia até sonhado com a vocalista. Segundo ele, no sonho, a moça era linda como a Grace Slick e tinha uma voz suave. Rsrsrs... Janis chegou.

Não tinha a beleza que os caras imaginaram, se vestia com panos enrolados pelo corpo, usava um cinto feito de ossos de galinha e cheirava a patchouli... rsrsrs... mas, a voz e a intimidade com o blues, com o rock e com os improvisos fizeram a cabeça dos Brothers.

Em poucos meses Joplin tirou a banda da obscuridade, logo assumindo sua liderança.

A banda foi consagrada no Monterey Pop Festival em Junho de 1967, com uma versão da música "Ball and Chain" e os marcantes vocais de Janis. Seu álbum de 1968 "Cheap Thrills" fez o nome de Janis.

THE KOZMIC BLUES BAND

Em busca de mais liberdade de decisão nos rumos que sua carreira tomava, Janis Joplin forma a sua própria banda, “The Kozmic Blues Band”.

Com este grupo, Janis grava seu primeiro álbum solo, “I Got Dem Ol' Kozmic Blues Again Mama”, de 1969. Na minha opinião, o melhor disco.O resultado, porém, não foi tão bom quanto o esperado, pois, embora a sua nova banda tivesse melhores músicos e melhores condições, Janis não estava bem e o excesso de drogas (principalmente heroína) e bebidas refletiu-se no disco. Janis entrava em estúdio totalmente fora de si, sua voz já estava um pouco desgastada pelo álcool... O álbum é marcado por improvisações vocais.

Porém, tem algo muito importante que marca este disco e que poucos citam: Janis encontrou, ali, a sua identidade musical. O lance da “branca com voz negra” ou “uma branca no reduto do blues e etc.” vem daí. Este disco foi um sonho realizado de Janis Joplin.

Ela não se considerava uma “cantora de rock”. “I Got Dem Ol' Kozmic Blues Again Mama” era universo de Janis. O metais, os vocais, tudo. Pena que ela estava “fora de órbita” e não pôde sentir, verdadeiramente, o gosto de ver seu sonho realizado.

Nesta época, ainda, Janis foi presa em Tampa (EUA) por desacato à autoridade. Ela gritava obscenidades para os policiais. Parece-me que Jim Morrison estava neste acontecimento também.





FULL TILT BOOGIE BAND.......... E O FIM

Em busca da sonoridade mais simples e eficiente Joplin reformou sua banda com o novo nome de “Full Tilt Boogie Band”.

As mudanças no estilo foram imensas, com uma sonoridade que destacava seu vocal, que havia se desenvolvido sensivelmente. Janis estava bem. Estava fazendo tratamento para parar com as drogas e estabeleceu uma espécie de roteiro para as suas bebedeiras.

Bebia de manhã ou quando acordava, dormia um pouco a tarde, ficava sóbria a noite e voltava a beber de madrugada... Assim, ela poderia “se acompanhar” durante os shows, pois, chegou um momento em que Janis não se lembrava de nada, nem dos shows e das performances e nem do lugar onde estava. Além disso, estava noiva de Seth Morgan, pensava em ter filhos e largar a carreira musical e todas as loucuras.

Uma vez ela disse: "Tenho medo de acabar me tornando uma dessas velhas bêbadas e roucas, que ficam vadiando pela rua assediando rapazinhos."

Parêntese! JANIS NO BRASIL




Em Fevereiro de 1970, Janis veio ao Brasil, para participar do Carnaval.

Janis Joplin veio ao Brasil com um sonho em mente: tocar na praia de Ipanema. Não rolou, pois aqui, ela era pouco conhecida, ou melhor, pouco popular (pode-se ver pela ignorância do segurança do Copacabana Palace), então ela deu algumas canjas junto com o Serguei em alguns bares e depois do episódio do carnaval, se mandou para a Bahia e passou uns dias numa comunidade alternativa (não lembro o nome) que tinha num lugar lá.

Hoje, esta comunidade ainda existe e o quarto em que Janis se hospedou nunca mais foi mexido depois de sua passagem por lá.

RETORNO AOS EUA... O FIM
Ela volta para os Estados Unidos, se une definitivamente a Seth Morgan e segue feliz da vida com a sua nova banda. A essa altura, Janis já havia incorporado, definitivamente, mais uma de suas diversas personagens: PEARL. Falar de Pearl é um tanto complexo...

Em meio às gravações do álbum “Pearl”, no dia 04 de outubro de 1970, Janis foi encontrada morta no quarto do Hotel Landmark, em Los Angeles, Califórnia, com apenas 27 anos de idade.

Neste dia, ela havia saído do quarto e descido para ir comprar cigarros. Quando voltou, caiu devido a overdose de heroína e álcool, seu nariz foi quebrado pela queda e as marcas de agulhas ainda apareciam nos braços (uma vez mais a maldita droga destruindo talentos).

Janis foi cremada no cemitério-parque memorial de Westwood Village, na cidade de Westwood, Califórnia, e suas cinzas foram espalhadas pelo Oceano Pacífico em uma cerimônia.


Dias antes de morrer ela soltou essa:

"Eu quero ver como vai ser a música daqui a uns cinco anos. Eu comecei com música rudimentar, mas os jovens de hoje têm uma base musical incrível: Eles possuem a liberdade completa que o rock conseguiu! Eles cresceram ouvindo Jefferson Airplane, Milles Davis, Grateful Dead, enfim, todo mundo. Ah! Mal posso esperar para ver o que essa garotada vai estar tocando daqui a cinco anos!!! Só espero estar por lá nesta época. Quero cantar com eles, ou, pelo menos, ter grana para vê-los tocar."

Janis Joplin foi um grande exemplo de vida e de artista! Em apenas vinte e sete anos de vida, combateu vários fantasmas, mas, infelizmente, não conseguia vencê-los... O mundo perdeu uma grande cantora de ouvido apurado e afinação singular, e as pessoas mais próximas dela, talvez tenham perdido um ser de bondade que só buscava amor, alegria e, principalmente, ser um pouco mais feliz em meio aos seus tormentos... Talvez a morte tenha sido um alívio para Janis!


quarta-feira, 8 de julho de 2009

A HIPPIE E A PATRICINHA


Há poucos dias, uma jovem se aproximou da banca de artesanato de uma hippie mais do que cinquentona, e ficou observando alguns brincos feitos com penas e arames.
A banquinha, que estava numa praça, era bem simples, com uma armação em madeira que se desmonta em uma única peça. Sobre ela, um pano escuro e muita bijuteria de vários formatos e cores.

A hippie usava vestido comprido, de algodão, tingido com corantes diversos. Calçava sandálias de couro já bem gastas. Nos braços, diversas pulseiras; no tornozelo esquerdo, uma corrente de linha. Carregava ainda uns três a quatro cordões de conchas e sementes. Na cabeça, um arco em madeira prendia os cabelos maltratados. Nos dedos, anéis de osso.

A moça, de uns 17 anos, relativamente alta e magra, usava short bege, sapatos de salto alto. Os cabelos eram também compridos, mas bem cuidados, lisos. Estava com óculos escuros, aros grandes. A blusa era estampada, sem manga, e alças com detalhes em rendas. No nariz, ostentava um pircieng pequeno, quase invisível.

As duas tinham tatuagens, várias, por sinal. A hippie tinha uma lua no braço esquerdo; no outro, a imagem de uma índia, e mais uma onde se lia fracamente “make love not war” (faça amor, não faça a guerra).

A jovem, por sua vez, também tinha uma lua no braço esquerdo. No ombro, um sol acima de nuvens e com pássaros, tudo bem colorido, bem acabado.

-Legal menina, esses traços aí. Muito legal também enfrentar os velhos preconceitos e marcar a liberdade na própria pele – disse a hippie para a garota, perguntando logo em seguida.

-Teus pais implicaram muito?

-"Implicaram com o quê”? – perguntou a minina.

-Com as tatuagens, poxa (Não foi bem essa palavra. Mas para a coluna tem de ser ela!) –

respondeu a vendedora de bijuterias.

-Não, de jeito nenhum. Meu pai achou bonito. E minha mãe deu a maior força. Até fez uma antes de mim, para eu ter mais coragem. Ela tem uma libélula linda no ombro. Por que não gostariam? Todas as minhas amigas também têm tatuagem.

-Tua mão faz o quê?

-É empresária... mas você também não tem um monte de tatuagem? – indagou a mocinha.

-Tenho, mas quando fiz a primeira meu pai me expulsou de casa. Me chamou de rebelde, disse um monte de coisa, falou que não ia sustentar vagabunda e me colocou na rua. Aí rodei mundo, me arrumei – respondeu a hippie.

-Mas você era rebelde?

-Claro, meu. Ficar suportando esses valores da burguesia, a prisão do lar, o discurso hipócrita da sociedade, a máquina do imperialismo americano...é pára isso que diz essas tatuagens, contra valor, entendeu? A força da contracultura – respondeu, em ritmo acelerado.

-Força de quê? – perguntou curiosa, a jovenzinha.

-Nada não, maninha, deixa para lá. Gostou dos brincos? São dois por cinco mangos.
A mocinha comprou alguns brincos e seguiu seu caminho.

A hippie ficou na praça, sozinha, sentada no seu banquinho. Passou um bom tempo pensativa, lembrando de sua juventude, dos protestos, do rock’n’roll. Finalmente, se levanta e caminhou até uma mulher bem arrumada que estava pela praça.

-Ei, você pode me dar uma indicação? – perguntou ela.

-Indicação de quê, minha senhora?

- Por acaso, você sabe onde eu posso encontrar um desses médicos que tiram tatuagem?



(Joel Soprani)

terça-feira, 7 de julho de 2009

Metrópole




sangue mesmo, não é mertiolate"


E todos querem ver


E comentar a novidade.


"É tão emocionante um acidente de verdade"


Estão todos satisfeitos


Com o sucesso do desastre:Vai passar na televisão


"Por gentileza, aguarde um momento.


Sem carteirinha não tem atendimento


-Carteira de trabalho assinada, sim senhor.


Olha o tumulto: façam fila por favor.


Todos com a documentação.


Quem não tem senha não tem lugar marcado.


Eu sinto muito mas já passa do horário.


Entendo seu problema mas não posso resolver:


É contra o regulamento, está bem aqui, pode ver.


Ordens são ordens.


Em todo caso já temos sua ficha.


Só falta o recibo comprovando residência.


Pra limpar todo esse sangue, chamei a faxineira


-E agora eu vou indo senão perco a novela


E eu não quero ficar na mão